sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O Filho de Netuno VII

Capítulo VII
Parte UM


VII

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NO CAMINHO DE VOLTA, HAZEL TROPEÇOU EM UMA BARRA
DE OURO.
            Ela sabia que não deveria correr tão rápido, mas estava com medo de
chegar atrasada à revista das tropas. A Quinta Coorte tinha os centuriões *
mais legais do acampamento. Mas até mesmo eles teriam que puni-la se
chegasse tarde. Punições romanas eram severas: esfregar as ruas com uma
escova de dente, limpar o curral dos touros no coliseu, ser costurado dentro
de um saco cheio de doninhas furiosas e emborcado no Pequeno Tibre — as
opções não eram nada agradáveis.
*(As legiões romanas tinham como unidade básica de guerra a Centúria. Esta é
formada por um quadrado de 10 fileiras de 10 homens cada, dando o total de 100
soldados, de onde advém o nome centúria. O centurião era o soldado responsável
por comandar a centúria, dando ordens que deveriam ser prontamente obedecidas
pelos soldados, especialmente as formações militares.)
            A barra de ouro surgiu do chão e ela bateu com o pé. Nico tentou pegála,
mas ela caiu e ralou as mãos.
            — Você está bem? — Nico ficou de joelhos e tentou pegar a barra.
            — Não! — Hazel advertiu.
            Nico congelou. — Certo. Desculpe. É só que... nossa. Aquela coisa é
enorme — Ele puxou um frasco de néctar do bolso de sua jaqueta de aviador
e derramou um pouco nas mãos de Hazel. Imediatamente os cortes
começaram a se curar. — Consegue ficar de pé?
            Ele a ajudou a se levantar. Os dois fitaram o ouro. Era do tamanho de
um pão, gravado com um número de série e as palavras “Tesouro dos EUA”.
            Nico balançou a cabeça. — Pelo Tártaro! Como...?
            — Não sei — Hazel disse miseravelmente. — Poderia ter sido enterrado
lá por ladrões ou ter caído de um vagão há um século atrás. Talvez tenha
migrado de um cofre do banco mais próximo. O que quer que esteja no chão,
a qualquer lugar perto de mim — simplesmente surge do nada. E quanto
maior o valor...
            — Maior o perigo — Nico franziu as sobrancelhas. — A gente devia
cobrir isso. Se os faunos encontrarem...
            Hazel imaginou uma nuvem de cogumelos crescendo na estrada, faunos
carbonizados lançados em todas as direções. Aquilo era algo terrível para se
considerar.
            — Isso deveria afundar de volta ao chão depois que eu saísse,
eventualmente, mas só para ter certeza...
            Ela tinha praticado esse truque, mas nunca com algo tão pesado e denso.
Ela apontou para a barra de ouro e tentou se concentrar.
            O ouro levitou. Ela direcionou sua raiva, o que não era difícil — ela
odiava aquele ouro, ela odiava sua maldição, ela odiava pensar em seu
passado e em todos as formas que tinha falhado. Seus dedos formigaram. A
barra de ouro brilhou com o calor.
            Nico engoliu em seco. — Hum, Hazel, tem certeza que...?
            Ela fechou a mão. O ouro se torceu como se fosse massa de vidraceiro.
Hazel fez a barra se transformar em um anel gigante e grumoso. Então
agitou a mão na direção do chão. Sua rosquinha de um milhão de dólares se
enterrou na terra. Foi pra tal profundidade que não sobrou nada, a não ser
uma linha de lama fresca.
            Nico arregalou os olhos. — Aquilo foi... assustador.
            Hazel não achou aquilo tão impressionante comparado aos poderes de
um cara que podia reanimar esqueletos e trazer pessoas de volta dos mortos,
mas foi bom ter surpreendido ele pra variar.
            Dentro do acampamento, as cornetas assopraram novamente. As
Coortes iriam começar a ser chamadas, e Hazel não estava com vontade de
ser costurada em um saco cheio de doninhas.
            — Depressa! — ela falou para Nico, e eles correram para os portões.



            Na primeira vez que Hazel viu a legião reunida, ela ficou tão intimidada
que quase saiu de fininho para os quartéis se esconder.
            As primeiras quatro Coortes, cada uma composta de crianças fortes,
estavam em fila na frente de seus quartéis nos dois lados da Via Praetoria. A
Quinta Coorte se reunia bem no final, em frente à principia, já que seus
quartéis estavam no canto de trás do acampamento, próximas aos estábulos e
às latrinas. Hazel teve que correr bem no meio da legião para chegar ao seu
lugar.
            Os campistas estavam vestidos para guerra. Suas cotas de malha e suas
grevas polidas brilhavam por cima de camisetas roxas e jeans. Desenhos de
caveira e espada decoravam seus elmos. Até mesmo suas botas de combate
de couro pareciam ferozes com seus sapatos de ferro com cunha, ótimos para
andar pela lama ou pisar em rostos.
            Em frente aos legionários, como uma linha de dominós gigantes,
estavam seus escudos dourados e vermelhos, cada um do tamanho de uma
porta de geladeira. Cada legionário carregava uma lança parecida com um
arpão chamada pilo, um gládio*, uma adaga, e mais um bocado de outros
equipamentos. Se você estivesse fora de forma quando chegasse à legião,
você não ficaria daquele jeito por muito tempo. Só de andar por aí em sua
armadura já era exercício suficiente.
*(O gládio era a espada utilizada pelas legiões romanas. Era uma espada
curta, de dois gumes, de mais ou menos 60 cm, mais larga na extremidade. Era
muito mais uma arma de perfuração do que de corte, ou seja, devia ser utilizada
como um punhal, ou uma adaga, no combate corpo-a-corpo.)
            Hazel e Nico correram pela rua enquanto todo mundo prestava atenção,
fazendo com que sua entrada fosse realmente notada. Seus passos ecoavam
nas pedras. Hazel tentou evitar contanto visual, mas ela notou Octavian na
frente da Primeira Coorte rindo dela, convencido no seu elmo de centurião
emplumado, com uma dúzia de medalhas no seu peito.
            Hazel ainda estava fervendo por causa de suas chantagens mais cedo.
Estúpido Áugure* e seu dom de profecia — com tantas pessoas no
acampamento para descobrir seu segredo, por que tinha que ser justamente
ele? Ela tinha certeza que ele teria implicado com ela há semanas atrás, mas
ele sabia que seus segredos valiam muito mais para ele como influência. Ela
queria não ter se livrado daquela barra de ouro para poder bater com ela em
sua cara.
*(Os Áugures eram sacerdotes da Roma Antiga que usavam os hábitos dos animais
para tirar presságios, exemplos disso são o seu vôo, o seu canto e suas próprias
entranhas, e o apetite dos frangos sagrados.)
            Ela passou correndo por Reyna, que estava indo pra frente e pra trás no
pégaso Scipio — apelidado de Skippy * ( é uma marca de manteiga de amendoim americana,
por isso o apelido), porque ele era da cor de manteiga de amendoim. Os cães de metal,
Aurum e Argentum, trotavam ao seu lado. Sua capa roxa de comandante ondeava
atrás dela.
            — Hazel Levesque — ela chamou. — Estou feliz que tenha podido se
juntar a nós.
            Hazel sabia que era melhor não responder. Ela tinha esquecido a
maioria de seus equipamentos, mas ela se apressou para chegar em seu lugar
ao lado de Frank e tomou sentido. Seu centurião-líder, um cara grande de
dezessete anos chamado Dakota, estava justamente chamando seu nome — o
último da lista.
            — Presente! — ela gritou.
            Graças aos deuses. Tecnicamente, ela não estava atrasada.
            Nico se juntou a Percy Jackson, que estava fora da linha com um bando
de guardas. O cabelo de Percy estava molhado por causa da casa de banhos.
Ele colocara roupas limpas, mas ainda parecia desconfortável. Hazel não
podia culpá-lo. Ele estava prestes a ser apresentado a duzentas crianças
fortemente armadas.
            Os Lares foram os últimos a tomar posição. Suas formas roxas
bruxuleavam enquanto brigavam por lugares. Eles tinham o hábito irritante
de ficar metade dentro, metade fora de pessoas vivas, fazendo com que as
pessoas parecessem uma fotografia borrada, mas, finalmente, os centuriões
conseguiram aquietá-los.

O Filho de Netuno VI


Capítulo VI
Parte Dois


 Você estará sob minha proteção, no norte, longe do domínio dos deuses. Eu
vou fazer meu filho seu protetor. Você vai viver como uma rainha, afinal.
            Rainha Marie estremeceu.
            — Mas e quanto a Hazel...
            Em seguida, o rosto se contorceu em um sorriso de escárnio. Ambas
as vozes falaram em uníssono, como se tivessem encontrado alguma coisa
para concordar:
            —Uma criança envenenada.
            Hazel fugiu descendo as escadas, seu pulso acelerou.
            No final, ela correu para um homem de terno escuro. Ele segurou os
ombros dela com fortes dedos frios.
            — Calma, criança. — disse o homem.
            Hazel notou o anel com uma caveira de prata em seu dedo, então o
tecido estranho de seu terno. Nas sombras, a lã preta sólida parecia mudar e
ferver, formando imagens de rostos em agonia, como se as almas perdidas
estivessem tentando escapar das dobras de sua roupa.
            A gravata era negra com listras de platina. Sua camisa era cinza
lápide. Seu rosto — o coração de Hazel quase saltou de sua garganta. Sua
pele era tão branca que parecia quase azul, como o leite frio. Ele tinha uma
ponta de cabelo preto gorduroso. Seu sorriso era gentil o suficiente, mas seus
olhos estavam inflamados e irritados, cheios de poder louco. Hazel tinha
visto aquele olhar nos noticiários do cinema. Este homem parecia
terrívelmente com Adolf Hitler. Ele não tinha bigode, mas de outra forma ele
poderia ter sido gêmeo de Hitler, ou seu pai.
            Hazel tentou se afastar. Mesmo quando o homem a soltou, ela não
conseguiu se mover. Seus olhos congelaram-na no lugar.
            — Hazel Levesque, — ele disse em uma voz melancólica. — Você
cresceu.
            Hazel começou a tremer. Na base das escadas, o cimento rachado
inclinou sob os pés do homem. Uma pedra brilhante apareceu do concreto
como se a terra cuspisse uma semente de melancia. O homem olhou para a
pedra, sem surpresa. Ele se abaixou.
            — Não!— Hazel chorou. —É amaldiçoado!
            Ele pegou a pedra, uma esmeralda perfeitamente formada. — Sim, é.
Mas não para mim. Tão bonito... vale mais do que este edifício, eu imagino.
            — Ele escorregou a esmeralda para seu bolso. — Sinto muito pelo seu
destino, criança. Eu imagino que você me odeie.
            Hazel não entendeu. O homem parecia triste, como se ele fosse
pessoalmente responsável por sua vida. Então veio a verdade: um espírito
em prata e preto, que tinha cumprido desejos de sua mãe e arruinou sua vida.
            Seus olhos se arregalaram. — Você? Você é meu...
            Ele colocou a mão sob o queixo. —Eu sou Plutão. A vida nunca é
fácil para os meus filhos, mas você tem um fardo especial. Agora que você
tem treze anos, devemos tomar providências.
            Ela empurrou a mão dele.
            — Você fez isso comigo? — Ela exigiu — Você amaldiçoou a mim
e a minha mãe? Você nos deixou sozinhas?
            Seus olhos ardiam com as lágrimas. Este homem branco rico em um
terno fino era seu pai? Agora que ela tinha treze anos, ele apareceu pela
primeira vez e dizendo que estava arrependido?
            — Você é mau! — Ela gritou. — Você arruinou nossas vidas!
            Os olhos de Plutão se estreitaram. — O que sua mãe lhe disse,
Hazel? Ela nunca explicou seu desejo? Ou disse porque você nasceu sob
uma maldição?
            Hazel estava zangada demais para falar, mas Plutão parecia ler as
respostas em seu rosto.
            — Não... — Ele suspirou. — Eu suponho que ela não disse. Muito
mais fácil me culpar.
            — O que você quer dizer?
            Plutão suspirou. — Pobre criança. Você nasceu muito cedo. Eu não
posso ver claramente o seu futuro, mas um dia você vai encontrar o seu
lugar. Um descendente de Netuno vai lavar a sua maldição e lhe dar paz.
Receio, porém, que não seja por muitos anos...
            Hazel não acompanhou nada disso. Antes que ela pudesse responder,
Plutão estendeu a mão. Um bloco de notas e uma caixa de lápis de cor
apareceu na palma de sua mão.
            — Eu entendo que você gosta de arte e equitação, — disse ele. —
Estes são para a sua arte. Já para o cavalo... — Seus olhos brilharam. — Isso,
você terá que lidar sozinha. Agora eu preciso falar com sua mãe. Feliz
aniversário, Hazel.
            Ele se virou e subiu as escadas — assim, como se tivesse riscado
Hazel fora de sua lista de “coisas para fazer” e já tivesse esquecido dela.
Feliz aniversário. Vá fazer um desenho. Vejo você em outros treze anos.
            Ela estava tão atordoada, tão irritada, tão de cabeça para baixo e
confusa que ela só ficou paralisada na base da escadaria. Ela queria jogar
fora o lápis de cor e pisar em cima deles. Ela queria acusar Plutão e depois
chutá-lo. Ela queria fugir, encontrar Sammy, roubar um cavalo, sair da
cidade e nunca mais voltar. Mas ela não fez nenhuma dessas coisas.
            Acima dela, a porta do apartamento abriu, e Plutão entrou.
            Hazel ainda estava tremendo de frio por causa de seu toque, mas ela
subiu as escadas para ver o que ele faria. O que ele diria para Rainha Marie?
Quem iria falar, a mãe de Hazel, ou aquela voz horrível?
            Quando ela chegou à porta, Hazel ouviu uma discussão. Ela espiou
para dentro.
            Sua mãe parecia ter voltado ao normal, gritando e com raiva,
jogando coisas ao redor do salão enquanto Plutão tentava argumentar com
ela.
            — Marie, é insanidade, — disse ele. — Você vai estar muito além
do meu poder para protegê-la.
            —Me proteger?— Rainha Marie gritou. — Quando você me
protegeu?
            O Terno escuro de Plutão brilhava, como se as almas presas no
tecido estivessem ficando agitadas.
            — Você não tem idéia, — disse ele. —Eu mantive você viva, você e
a criança. Meus inimigos estão por toda parte, entre deuses e homens. Agora,
com a guerra à frente, só vai piorar. Você deve ficar onde eu possa...
            — A polícia acha que eu sou uma assassina! — Rainha Marie gritou.
—Meus clientes querem me enforcar como uma bruxa! E Hazel, sua
maldição está piorando. Sua proteção está nos matando.
            Plutão estendeu as mãos num gesto de súplica. — Marie, por favor...
            —Não! — Rainha Marie virou-se para o armário, tirou uma valise
de couro, e atirou-a sobre a mesa. — Estamos saindo, — ela anunciou. —
Você pode manter sua proteção. Estamos indo para o norte.
            — Marie, é uma armadilha, — alertou Plutão. — Quem está
sussurrando em seu ouvido, quem está voltando-a contra mim...
            — Você me virou contra você! — Ela pegou um vaso de porcelana e
jogou nele. Ele quebrou no chão, e pedras preciosas derramado em todos os
lugares - esmeraldas, rubis, diamantes. A coleção inteira de Hazel.
            — Você não vai sobreviver, — disse Plutão. — Se você for para o
norte, você vai morrer. Posso prever isso claramente.
            — Saia! — Disse.
            Hazel desejou que Plutão ficasse e argumentasse. O que quer que
seja que sua mãe estava falando, Hazel não gostou. Mas o pai dela mexeu a
sua mão através do ar e se dissolveu em sombras... como se ele realmente
fosse um espírito.
            Rainha Marie fechou os olhos. Ela respirou fundo. Hazel ficou com
medo de que a voz estranha pudesse possuí-la novamente. Mas ela falou, e
era ela mesma.
            —Hazel, — ela retrucou, — saia de trás dessa porta.
            Tremendo, Hazel obedeceu. Ela apertou o bloco de notas e os lápis
coloridos contra o seu peito.
            Sua mãe estudou-a como se ela fosse uma amarga decepção. Uma
criança envenenada, as vozes tinham dito.
            — Faça as malas, — ela ordenou. — Estamos nos mudando.
            — On-onde? — Hazel perguntou.
            — Alaska, — respondeu a rainha Marie. — Você vai se tornar útil.
            Nós vamos começar uma nova vida.
            A forma como a mãe dela disse isso, soou como se estivessem indo
para criar uma “nova vida” para alguém ou alguma outra coisa.
            — O que Plutão quis dizer? — Hazel perguntou. — Ele é realmente
meu pai? Ele disse que você fez um desejo...
            — Vá para o seu quarto! — Sua mãe gritou. — Faça as malas!
            Hazel fugiu, e de repente ela foi arrancada do passado.


            Nico estava balançando seus ombros. — Você fez de novo.
            Hazel piscou. Eles ainda estavam sentados no teto do santuário de
Plutão. O sol estava baixo no céu. Mais diamantes tinham aparecido ao seu
redor, e seus olhos ardiam de tanto chorar.
            — S-sinto muito, — ela murmurou.
            — Não sinta, — disse Nico. —Onde você estava?
            — No apartamento da minha mãe. No dia em que nos mudamos.
            Nico concordou. Ele entendia a sua história melhor do que a maioria
das pessoas. Ele também era um garoto da década de 1940. Ele tinha nascido
poucos anos após Hazel, e tinha sido trancado em um hotel de magia por
décadas. Mas o passado de Hazel foi muito pior do que o de Nico. Ela
causou tantos danos e miséria...
            — Você tem que trabalhar em controlar essas memórias, — Nico
advertiu. — Se um flashback como esse acontecer quando você estiver em
combate...
            — Eu sei, — disse ela. — Estou tentando.
            Nico apertou a mão dela. — Está tudo bem. Eu acho que é um efeito
colateral de... você sabe, o seu tempo no Mundo Inferior. Esperançosamente
isso vai ficar mais fácil.
            Hazel não tinha tanta certeza. Depois de oito meses, os apagões
pareciam estar ficando piores, como se sua alma estivesse tentando viver em
dois diferentes períodos de tempo de uma vez. Ninguém jamais voltou dos
mortos, antes, pelo menos, não que ela saiba. Nico estava tentando
tranquilizá-la, mas nenhum deles sabia o que iria acontecer.
            — Eu não posso ir para o norte novamente, — disse Hazel. — Nico,
se eu tiver que voltar para onde tudo isso aconteceu...
            — Você vai ficar bem, — ele prometeu. — Você vai ter amigos
neste tempo. Percy Jackson, ele tem um papel a desempenhar nesse
processo. Você pode sentir, não pode? Ele é uma boa pessoa para se ter ao
lado.

Hazel se lembrou do que Plutão lhe disse há muito tempo: Um
descendente de Netuno vai lavar a sua maldição e te dar paz.
            Seria Percy? Talvez, mas Hazel sentiu que não seria tão fácil. Ela
não tinha certeza se mesmo Percy poderia sobreviver ao que estava
esperando no norte.
            — De onde ele veio? — Ela perguntou. — Por que os fantasmas o
chamam de grego?
            Antes que Nico pudesse responder, cornetas sopraram do outro lado
do rio. Os legionários se aglomeraram para a reunião da noite.
            — É melhor ir até lá, — disse Nico. — Eu tenho a sensação que os
jogos de guerra de hoje a noite vão ser interessantes.


Fim do capítulo VI.